quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Resenha: A Resposta (Kathryn Stockett)


Título Original: The Help
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 573
ISBN: 9788528614619

Sinopse: O romance, história de otimismo ambientada no Mississippi em 1962, durante a gestação do movimento dos direitos civis nos EUA. A trama segue Eugenia "Skeeter" Phelan, jovem que acabou de se graduar e quer virar escritora, mas encontra a resistência da mãe, que quer vê-la casada. Aconselhada a escrever sobre o que a incomoda, Skeeter encontra um tema em duas mulheres negras: Aibileen, empregada que já ajudou a criar 17 crianças brancas mas chora a perda do próprio filho, e Minny, cozinheira de mão cheia que não arruma emprego porque não leva desaforo dos patrões para casa.


Em algum dia de 2012, não lembro a data correta, assisti um filme chamado Histórias Cruzadas. Achei ele ao acaso, e num dia sem série nenhuma para assistir, resolvi arriscar. De lá pra cá, devo ter assistido a esse filme mais umas duas ou três vezes. Sim, ele é bom esse tanto, e até mais. E foi a partir dele que descobri o livro, The Help, traduzido aqui no Brasil como A Resposta.

O livro, pelo simples motivo de custar mais de 30 dilmas, ficou na minha lista de desejados por um ano, ou quase isso, e por 'n' motivos não li assim que comprei. Ficou lá na minha estante, esperando boa vontade de minha parte. Resolvi fazer um desafio para mim: desencalhar meus livros novos das prateleiras e começar a ler. O primeiro escolhido pra esse desafio, foi, é claro, esse livro.

A Resposta possui quase 600 páginas, e de tão bom que é, consegui ler todinho em apenas 2 dias. A escrita é simples, inteligente e cativante. As partes da Aibileen e da Minny são mais coloquiais, com termos como "tou" - fazendo o leitor sentir, que elas estão ali, do seu ladinho, contando as histórias para você. Já as partes da Skeeter, por ela ser de família branca e estudado, seus diálogos são mais formais, e ainda assim, você sente a proximidade com a personagem.

Quando começa a mergulhar nas estórias daquelas mulheres, não quer  mais parar. Tive um apego em especial pela Minny. Ela é daquelas personagens divertidas, que fala demais, age muitas vezes sem pensar, mas tem um bom coração. Para ela é difícil aceitar calada todas as humilhações. Aibileen é daquelas que você adquiri uma profunda admiração e respeito. Como não gostar daquela senhora, que apesar de tudo o que passou na vida, ama muito as crianças que criou. Crianças, que com pesar no coração, ela reconhece que crescerão para se tornarem patroas/patrões preconceituosas, que pregam o discurso que negro é diferente e pior que o branco. Já a Skeeter, ela é daquelas garotas especiais, filha de fazendeiro, que mesmo tendo crescido ouvindo uma coisa, é corajosa e vai construir sua própria opinião, mesmo que para isso se distancie da sociedade em que vive. Além das dificuldades de equilibrar o que acredita, e ainda conseguir conviver com as atitudes racistas de suas amigas, namorado e até da mãe. 

E como não citar a vilã, dona Hilly, uma das personagens mais odiosas que tive o desprazer de conhecer no mundo dos livros. Sério. Ela não é só fruto de uma sociedade preconceituosa, que alienada, reproduz aquilo que sempre aprendeu. Ela é daquelas que alimentam o preconceito, cria  maldades e situações só pelo prazer de fazer mal às pessoas. E como não podia ser, ela é o tipo de pessoa que serve de líder para a comunidade, formadora de ódio opinião. Minny em alguma parte do livro diz que ela é o demônio, e não posso deixar de concordar.   

O que mais me admirou nesse livro é a forma despretensiosa em que assuntos polêmicos (racismo, violência contra a mulher, ações da KKK) são abordados. Claro que você ao ler se indigna com o tipo de sociedade retratada, é uma época de intolerância, ignorância e esnobismo sem igual. Mas ainda assim, o jeito que a autora encontrou para relatar esse período é suave e você só quer ler mais e acompanhar a vida dessas três heroínas, torcer por elas e continuar ouvindo e ouvindo as boas (ou não tão boas) estórias que elas tem para nos contar. 

Trechos do livro (nem escolhi os melhores plots, esses ficam como surpresa para quando lerem o livro):
"No primeiro dia na casa da minha patroa branca, comi meu sanduíche de presunto na cozinha, coloquei meu prato no meu lugarzinho no armário. Quando aquela pirralha roubou a minha bolsa e escondeu no fogão, não dei tapa nenhum no traseiro dela. Mas quando a patroa branca disse: 'Agora quero que você lave todas as roupas à mão primeiro, e então coloque na máquina de lavar para arrematar.' Eu disse: 'Por que eu preciso lavar a mão se a máquina vai lavar? É a maior perda de tempo que já vi.' Aquela patroa branca sorriu pra mim, e, cinco minutos depois, eu tava no olho da rua." Minny
"Desisto de resistir e acendo um cigarro, apesar de ontem à noite o secretário de Saúde ter aparecido na televisão e balançando o dedo para todo mundo tentando nos convencer de que fumar vai nos matar. Mas mamãe uma vez me disse que beijo de língua me deixava cega, e estou começando a pensar que é tudo um grande complô entre o secretário de saúde e a minha mãe para fazer com que ninguém mais se divirta." Skeeter
"- Ela contou que tavam faltando só setenta e sete doláres para pagar a matrícula? Ela pediu empréstimo pra dona Hilly, sabe? Disse que pagaria de volta um pouco a cada semana, mas a dona Hilly disse que não. Que cristão de verdade não faz caridade a quem tá bem e saudável. Disse que é mais solidário resolverem as coisas sozinhas." Aibileen

4 comentários:

  1. Oi Shamy!
    Não conhecia esse livro, mas gostei da sua empolgação.
    600 páginas em 2 dias?! Tem que ser muito bom mesmo o livro.

    Gostei do tema e do enredo, e fiquei curiosa para conhecer a Minny e principalmente a Dona Hilly. Do jeito que você falou, ela parece terrível mesmo. rsrs

    Vou colocar na minha WishList para próximas leituras. Parabéns pela resenha, gostei bastante.

    Beijos.
    Bell

    http://contosdoguerreiro.blogspot.com.br/

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    1. Bell, brigada pela visita e o comentário.
      Espero que quando ler o livro goste. Eu adorei. O filme também é uma boa pedida. Irei lá no seu blog pedir umas opiniões num livro que to querendo ler e acho que você conhece, parece ser do seu gosto.
      Beijos.
      Shamylle

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  2. Oi Shamy, lendo sua resenha creio que este livro deve ser mais que envolvente. Sua escrita e capacidade de síntese, simplesmente demais. Adorei. Bom, acabou de me convencer a colocar mais um livro na minha listinha de desejos. (rs).
    Bjs
    Tânia
    http://facesdaleiturataniabueno.blogspot.com.br

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    1. Oi Tânia, que bom que gostou da resenha... adoro indicar livros bons para as pessoas... e garanto que não vai se arrepender.
      Dei uma passadinha lá no seu blog, bem legal... já tô seguindo.
      Depois dou uma olhada melhor pra pegar umas dicas de livros... sempre que posso dou uma olhada na leitura alheia pra ver se acho algo legal e novo pra acrescentar à minha lista.
      Beijos.
      Shamylle

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